"Pare de me amar,ou pelo menos de gostar de mim,
pois não tenho sentimento, alma,ou coração.
fui trancada por dentro quando ele partiu...
levou meus sonhos, lágrimas, sorriso
deixando nada que pudesse me constar,
e tudo pra que eu viva eterna e só.
prefiro a morte do que tê-lo novamente,
mas foi tão forte que partiu-me por inteira
fez de mim poeira,caco de vidro cortante
que te fere agora,pede pra cessar.
Não me ame,peço,imploro e digo
que tu não mereces um sofrer assim
viva sua vida,cante,assopre,mude
sinta os ventos fortes que fogem de mim
pois não tenho sentimento,alma ou coração...
sou um ser estranho,machucado e mudo
não garanto vida ou feliz final
mas afirmo que de mim não terás nada
deixa eu viver a minha solidão
porque a vida me ensinou assim..."
[solitos]
[Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,pois eu também sou o escuro da noite.]
Clarice Lispector
"[...]e as tépidas flores ainda jaziam,com seus espinhos tremendos,dilacerando a carne que não mais havia."
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Agoniza virgem Fênix..o amor! *
A saia rodada contra o vento se erguia ,seus cabelos ondulados voavam,trotavam,sempre em ritmo,pairando em ares de fortuna! vivia intensamente cada gesto,cada dança,cada sofrer de amor,morrer de dor e ser feliz...não tinha juízo,abrigo,patrocínio nem rancores.vivia tudo,devorava prosas, se pendurava na janela,corria descalça na chuva,molhava os torpes dedos em saliva,pra sujar no tempo...gargalhadas ria,solidões chorava,amizades falecia e tranças desmanchava...tudo a vão do tempo,tudo ao vão do incerto.
Ela ia,sozinha,sincera,muda e valente,bailando ,cantando, rimando sua vida,num tom semitom desmanchado entre liras,maltratadas e surradas de aflição,que nem por ela nem por outras entrava na regra,rimava na corda,virava canção.contava as estrelas todas,os satélites e cometas que desaparecem da luz....descobria todas as leis de memória,saudade ali não havia, nada morria, nada sobrava, nada derretia. Até que um dia esqueceu sua dança,enrolou-se na trança e caiu. Sentiu, chorou... manchou-se de sangue completa...ardeu-se em chamas, trocou os trejeitos... não mais como era, não mais...oh triste destino.Oh maldito amante que roubou sua calma.
O peito agora pulsante bailava no vácuo obscuro cabível em mãos, que detinham dedos torpes como o dela,pra molhar em saliva e sujar no tempo...completavam-se os dois..mas não eram dois. Agora um talvez...ou nenhum...ao passo que ambos se detinham,se consumiam,se esmagavam em tremendo amor. Pairava ali a insegurança. e se amanhã um daqueles se entediasse? Resolvesse partir? O outro com certeza sofreria.Ou não... talvez fosse isso o que desejassem. Cada um agora por si. Cada um agora por nenhum dos dois. Por um motivo de sombra. Por uma nova alfombra ,a qual pudessem se deitar.. e recomeçar ali tudo de novo. Até que perdure o amor. Até que renasça a paciência de aguentarem um ao outro pela eternidade.
Deu-se , então, que raiou o dia, que abriu as cortinas e sentiu a luz...tentou lembrar o que sonhara,mas era tarde. não haviam lembranças,esperanças,ou versos. versos estes que compôs pra ninguém ler...
*entre cinzas arco-íris esplendor! Por viver ás juras de satisfazer o ego imortal...
[Jorge Vercillo]
...sereno...
Esqueças que te amei,
que por ti sofri,me perdi ,chorei
esqueças por favor de mim.
que tanto pedi pra que lembrasse
mas foram todos vãos meus gritos.
Esqueças das poesias que te dei,
das minúcias que preguei
como certas e discretas pra nós dois.
não sabendo que não tinhas coração
pra me dar e amor,e me fazer feliz.
Esqueças de minha face
morta e morna em nosso desenlace
que jamais pensei que houvesse assim.
encontre outra que te dê abrigo
que eu vivo aqui a minha solidão.
Esqueças,pois,das nossas alegrias
dos negros,secos,tão malditos dias
que te devotei com tão rompante ardor.
mire e veja que já não sou sua
borboleta ,agora,pronta pra voar.
Esqueças de minhas mãos roçando sobre as tuas
das estrelas frias,e das quatro luas
que contamos onze para nunca mais
pois pressinto que não mais te amo
mas por ser tão sonho posso despertar...
[solitos]
[E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...]
Mário Quintana
que por ti sofri,me perdi ,chorei
esqueças por favor de mim.
que tanto pedi pra que lembrasse
mas foram todos vãos meus gritos.
Esqueças das poesias que te dei,
das minúcias que preguei
como certas e discretas pra nós dois.
não sabendo que não tinhas coração
pra me dar e amor,e me fazer feliz.
Esqueças de minha face
morta e morna em nosso desenlace
que jamais pensei que houvesse assim.
encontre outra que te dê abrigo
que eu vivo aqui a minha solidão.
Esqueças,pois,das nossas alegrias
dos negros,secos,tão malditos dias
que te devotei com tão rompante ardor.
mire e veja que já não sou sua
borboleta ,agora,pronta pra voar.
Esqueças de minhas mãos roçando sobre as tuas
das estrelas frias,e das quatro luas
que contamos onze para nunca mais
pois pressinto que não mais te amo
mas por ser tão sonho posso despertar...
[solitos]
[E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...]
Mário Quintana
domingo, 20 de novembro de 2011
E se ela tentasse se encontrar?
Se fossem falhos todos os dias de tua vida,juro que desejaria cessar.ela não perdoava se o céu não se mostrasse azul, nem se seu tempo não desse conta de seus atos.jurava perceber de onde vinha tanto ódio,mas era vã..ninguém sabia.apenas sentia que necessitava entender.entender a vida,o motivo de seus fracassos,o sentido de seus risos,de suas lágrimas..ela queria entender o por quê de tanto desespero.o por quê de tanta maldade,de tanto medo.talvez conseguisse descobrir sozinha,mas sentia que precisava de algo mais.precisava entender a si mesma.o por quê de sua curiosidade,de seus anseios,e seu medo dessa maldade toda.mas nunca pôs seus planos em brisas.nunca tentou explicar de onde vinha tudo isso.pois não se compreendia,não se buscava...era perdida em si,perdida em outro.
[solitos]
Camila Alves
[solitos]
Camila Alves
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Póstumas de meu avô
"Ao som da viola o velho cantava
e a guria escutava atenta de mais.
prometia a ela presente futuro
que com a alegria a pequena jamais
esqueceu o ditado do acorde roubado
que o velho fazia sem pressa ou pudor.
sorriso de orgulho,inveja de anjo,
que após alguns anos virava-se dor.
Fruto oleoso,salgado e pernas
prendidas aos braços que outrora jamais.
Avô meio sóbrio e metade não lúcido
ora brincava ora pedia paz.
mas a pequena criança inocente
sorria contente sem seta em cessar.
parece que tinha a certeza concreta
que aquelas pernas iriam falhar...
Cresceu afobada no som magnífico
que anos depois se calou para sempre.
mas sempre lembrava do velho Avô
tocando instrumento e alegrando a gente.
Perdeu a vontade de ter a promessa
mas não a vontade de ver o velhinho.
falava e ria crescendo em instante
mas nunca deixava seu mestre sozinho.
Os anos passaram e ambos os peitos
cresceram fortes e perderam o brilho:
o dela lembrando o som da viola
e o dele querendo canjica de milho.
Por sorte a menina ganhou mesmo gosto
mas era já tarde pra compartilhar..
o velho perdeu de repente o sopro
guardando a viola pra não mais tocar.
A menina sou eu e o velho Geraldo,
citado nas rimas, era meu velho Avô
que habita hoje o céu dos acordes roubados
que apreciava sem tédio ou rancor.
Saudade aperta com força o meu peito
quando pego instrumento e o som vai saindo...
não é viola do nobre maestro,
mas um negro Zeppelin, pra rock em domingo.
e a guria escutava atenta de mais.
prometia a ela presente futuro
que com a alegria a pequena jamais
esqueceu o ditado do acorde roubado
que o velho fazia sem pressa ou pudor.
sorriso de orgulho,inveja de anjo,
que após alguns anos virava-se dor.
Fruto oleoso,salgado e pernas
prendidas aos braços que outrora jamais.
Avô meio sóbrio e metade não lúcido
ora brincava ora pedia paz.
mas a pequena criança inocente
sorria contente sem seta em cessar.
parece que tinha a certeza concreta
que aquelas pernas iriam falhar...
Cresceu afobada no som magnífico
que anos depois se calou para sempre.
mas sempre lembrava do velho Avô
tocando instrumento e alegrando a gente.
Perdeu a vontade de ter a promessa
mas não a vontade de ver o velhinho.
falava e ria crescendo em instante
mas nunca deixava seu mestre sozinho.
Os anos passaram e ambos os peitos
cresceram fortes e perderam o brilho:
o dela lembrando o som da viola
e o dele querendo canjica de milho.
Por sorte a menina ganhou mesmo gosto
mas era já tarde pra compartilhar..
o velho perdeu de repente o sopro
guardando a viola pra não mais tocar.
A menina sou eu e o velho Geraldo,
citado nas rimas, era meu velho Avô
que habita hoje o céu dos acordes roubados
que apreciava sem tédio ou rancor.
Saudade aperta com força o meu peito
quando pego instrumento e o som vai saindo...
não é viola do nobre maestro,
mas um negro Zeppelin, pra rock em domingo.
[solitos]
Camila Alves
Á memória de Geraldo Silvino
[Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte,mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez.]
Willian Shakespeare.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Silêncio...
"Todas as suas solitudes foram acompanhadas desde a infância por seus anjos,que em incontáveis vezes a curaram da escuridão.Outrora menina,em meses fada,com a cor desejada pelos deuses,ela sonhava e repartia entre seus entes o refúgio que ia sobrando de seus cacos.Apenas restos de sementes férteis mal usadas e rastros de estrada abandonada,ela era como as núvens que vão.De tempo em tempo angustiava o coração com amargas dores e soluços de desespero a serem ouvidos somente pelos deuses.
Noutro tempo a menina fez-se moça,e desejando outro refúgio,do labirinto quis fugir.Embaraçada de coragem e repulsa ela queria encontrar suas promessas,jurar novas e distinguir os mentirosos.Tão somente quanto era,voltou a ser depois da lua nova,que tirou e levou para si todo o seu brilho,deixando a moça nos solitos de outrora.
Enquanto essa dor durar,subentende-se que ela continuará com seus anjos de parede,somente expostos a ela,e dispostos a curar suas verdades. Outros milhares de anjos gostariam de ser o além- mar que habita esse silêncio."
[solitos]
[solitos]
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