sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Qual a cor de um Sonho ?


Bolso cheio de esperança, sonhos semeando a estrada. As pedrinhas em que tropeçava não atrapalham mais. Agora são castelos. O medo sumiu, as dúvidas, as angústias, a faca a girar no ventre, o pavor, as sombras... pra que os sonhos coubessem ali. Sonhos doces, confeitados de açúcar. E coloridos. Tudo combinando com os olhos. Brilhando. Esperando a borboleta pousar no seu nariz.

[solitos]

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Agridoce

Serpenteava os pensamentos naquele vácuo obscuro cabível em mãos. Gostava daquilo. Sentia uma paixão tremenda em bambolear enganando o ódio. Amava aquela brisa, aquelas nuvens de algodão, os riscos confeitados de açúcar, o arco-íris que sabia inexistente. Aquilo tudo era bem mais forte que sua dor. De tempo em tempo angustiava o coração com tremendas e malditas dúvidas. Mas era só ali, só naquela hora, só naquele passo. Depois a chuva apagava o rastro e a garotinha triste exibia um sorriso de orelha a orelha, confeitado de açúcar. Enganava-se por dentro. Era feliz mas amava a dor. Amava o desconsolo. Era seu alimento. Eram suas palavras. As mais expressivas talvez. Não podia se livrar daquilo. E equilibrou os dois sabores na corda bamba. Quando um cair o outro cai também. Mas eu ainda acho que o amargo fica.

[solitos]

domingo, 8 de janeiro de 2012

- (des)gosto da dor


Abrem-se as cortinas. Eis agora o verdadeiro ato. A verdadeira dor. Como se todo o passado se materializasse e resolvesse atormentar mais um pouco. Estava tudo ali, exposto. As emoções lambuzadas de um sabor tão intenso quanto podiam suportar os ombros. Sal e pimenta a gosto. Mas ela gostava daquilo. Daquele tempero a arder os olhos. Caco de vidro serrando a pele, rompendo os laços carne-alma. Pisoteava as pedras pontiagudas  a pés descalços. Não sentia medo. O tormento a entretinha. Saboreava aquela dor. Aquele céu chovendo ódio. Carniça pras suas sombras, pros corvos famintos a roer suas pernas. Mas seguia, cambaleando com a dor nos ombros. O passado era o único que podia machucar. Vermelho como sangue. Como ferida dilacerada. E aplausos.

[solitos]

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Inconsciente tatuado


O céu agora tá mais limpo. Já não me fere teu sarcasmo podre, tua andança entre meus dedos. Desprezo. Minhas cores são diferentes das tuas... entenda. Entenda que não posso agradar por completo os de seu mundo. Não sei fingir hipnose por futilidades. Ou eu sou, ou não sou. E escolhi não ser. Minha impaciência insuportável, minha aversão à mediocridade... minhas lutas, meus medos, os segredos que eu tranco. As palavras que eu não acho, as linhas que eu não entendo, os trilhos em que eu tropeço, me ralo... e sangro eternamente, até alguém soprar. Meu terreno minado, ignorância, o perdão que eu distribuo. As canções que pouco escuto, os rabiscos que chamo de poesia, os parentes que eu não gosto. As formigas que eu destronco por querer. Entenda esse meu jeito. Esse meu lado também podre. Deixa eu ficar um pouco só.
                                                                                                                          
  [solitos]

[E as paredes do meu quarto vão assistir comigo 
á versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
com certeza você já foi embora...]
-Cazuza

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Voar pra longe,enfim !


Linda essa aragem. Essa vontade de mudar, de ser melhor... voar pra longe! Todo um tom pintado e esculpido pra valer a pena. Um novo ciclo, um novo recomeço. Uma nova página que carrega traços, rabiscos, pingos de suor e lágrimas de outra era. Já secas, mas ainda ali, simbolizando todas as lutas, todas as conquistas, o medo de escuro, os sonhos. Sonhos estes mais fortes agora, mais intensos, prontos pra voar... voar pra longe! Voar pro (in)certo. Quem sabe ela se encontra, joga fora toda dúvida, segue firme nessa corda. Se enfia nessa aragem que Deus assopra, preparando suas asas pra vôos mais distantes...
                                                                                                                                               [solitos]
                                         
"Tente,levante sua mão sedenta e recomece a andar
não pense que a cabeça aguente se você parar
Não! Não! Não! Não! Não!
Há uma voz que canta,uma voz que dança
uma voz que gira (gira!) bailando no ar "
   -Raul Seixas