segunda-feira, 13 de agosto de 2012


De dentro só sai o pó, mais nada. Só sai essa carniça de abandono, de desolação. Viver tentando, gastando horas preciosas decorando livros, ganhando dinheiro, trabalhando pro Estado, viajando não sei pra onde, não sei pra que. Saindo de uma lotação cheirando asco, pra outra. Atravessando avenidas loucas, tentando pegar o sinal fechado. Correndo escadas, gastando muito, comendo porcarias, esquecendo da família, dos amigos, de amar. Esquecendo de tudo, tudo, tudo... 
De dentro só sai fumaça, mais nada. Só sai esses ventinhos impregnados de motor. Só se vê por todo lado cabecinhas marchando, marchando pro nada. Aonde será que querem chegar? Fama, ócio, dinheiro, carro novo. Venderiam a alma se pudessem. Mas de onde tiraram essa bobagem? Onde foi que aprenderam que precisam de tanta merda pra serem felizes? Ah. Não sei como um papel transformou homens em trapos.

[Vambora]