segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


 Novas paredes compõem uma nova paisagem de agonia. Desesperança. Castigo. Dor. Mas será que a essa altura ainda resta algo pra ser destruído dentro desse coração? Ainda resta alguma luz pra se tornar escuridão? 

                                                                                                                                 [solitos]
                                                                                                                   

domingo, 18 de dezembro de 2011

Manchado de breu. *



Esse terror que sai de mim. Essa angústia toda. Esse tormento todo. Essas sombras. Desconsolo. E esse amor que permanece. Que armou barraca. Trouxe toalha e travesseiro. Que aperta tanto,quase que corrói. Essas liras. Canções fúnebres que eu canto somente. Não rimo. Porque levas a rima de mim. Do meu peito falho. Suscetível a danos. Desenganos. Desencontros. Liberdade. Sem piedade me desola. Atola os pensamentos em um breu onde ninguém habita. Só esse meu peito surrado. Maltratado por esse amor. Essa vontade de você. Contando nas paredes as marcas marginais. Desiguais. Minutos. Minutos que eu passei por te querer. Por te esquecer. Lembrar de novo e sorrir. Sorrir um choro de esperança de fazer lembrança estátua. E jogar no chão. Estraçalhar então. E lutar comigo pra não juntar os cacos. Os cacos desse amor.
                                 
                                                    [solitos]
     
                                                                         *...Tão sombrio que nem sei se algo resta.

Do que sobrar..

Cordas mudas enfatizam minha dor
refletida nos oim do meu amor
que partiu de mim...

[solitos]

Agonia..

Ao redor somente paredes.Nas mãos frias,murchas e tépidas flores.Sentia-se ali um ar tímido e morno,que circundava seus cabelos e roia suas pernas.Matava-se aos poucos e escalpelava seus medos.Mutilava a esperança que não havia.Era impossível escapar.O pior dos castigos a retinha.Havia uma faca girando em seu ventre.Em seu túmulo só a dor.Deixara lá fora toda a formosura,seu trabalho,seu pulsar.Trouxe consigo somente nada.Só restava procurar uma fresta através das paredes.Mas ali não havia.em meio a tanto ódio nada florescia.Repensava o mal causado,as dores sentidas,todo o amor que devotou somente a ele...nada era epíteto a seu castigo.Merecia somente o ar tímido e morno que roia suas pernas.Cicatrizava-se o peito,enquanto os olhos desmoronavam,ardendo por dentro e consumindo então as chamas.Suas cinzas se perderam.Voaram,pois,naquele tímido e morno.E as tépidas flores ainda jaziam,com seus espinhos tremendo,dilacerando a carne que não mais havia.Somente sombras.Borrões na parede.
              
                  [solitos]

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

...Gotinha de chuva


 Se aquelas gotinhas de chuva deslizando na janela soubessem falar,falariam de mim.Eu que te amo tanto,e te odeio tanto mesmo assim.Das bonequinhas despenteadas,dos riscos de caneta na calçada,do sofrimento do joelho hemorrágico,dos soluços do primeiro amor,da primeira dor de ti...desses detalhes que fazem valer a pena a vida,que fazem viver e sobressair a vela.Gritando em silêncio elas ditariam as amarguras todas,o amigo imaginário,a canetinha e o papel,o primeiro caderno,o primeiro livro lido.Falariam de mim.De meus sonhos.De meus medos.Dos amigos perdidos.Dos refeitos.Dos desfeitos.Das lenhas.Dos fogos.Da quarta série.Do colegial.Vai gotinha,diz a eles quem sou eu...você que sabe o que eu fazia em outras chuvas...da chuva que você fugiu,e se prendeu em mim,pra eu gostar de você,dedicar-lhe confissões de voz calada,sem dizer nada e sorrir...                  

                                                              [solitos]

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Estiagem


 Seu espírito estava manso. Nada de cortante nas mãos. Amor no peito,sonhos e certezas convictas. Os tormentos todos que a apunhalavam não eram tão fortes agora. O frio passara,as mentiras apodreceram,as lágrimas se diluíram todas,corroendo o solvente que as continha. Seus passos eram mais largos. Corria mais. Lutava mais. Sabia que o momento era aquele. Que a luta era aquela. Que o troféu era seu.
 Planejou todos os passos,todos os golpes,todos os trejeitos..e saiu em caminhada. Só Deus sabe quando volta. Mas ela sabe que vence. Tem certeza disso.

                                                       [solitos]
                                                                     
 [nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
 que seus planos nunca vão dar certo
 ou que você nunca vai ser alguém.]
          Renato Russo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Borboleta morta

Moça,chora não
a saudade eu sei que dói
mas vai passar..

Moça,enxuga o rosto
ajeita o vestido
e vem bailar..

Segura essa corda
a camisa aberta
abotoa..

Aperta esse laço
decora esse passo
e voa..

                               [solitos]

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Anacoluto

O que eu digo destes olhos mornos que de tanto perguntar ficaram secos. Destas mãos calejadas. Desses lábios presunçosos, imaculados, calados. O que eu digo desse hálito quente,dessa respiração contínua e iluminante. Dessa vida fria que passa graciosa. O que eu digo dessas sombras que me envolvem,desses medos que me cercam e encabulam. O que eu digo dessas noites, desses sonhos, dessas músicas, dessas redes sociais.
Desse ódio veemente em minhas veias, corrompendo o sangue numa amargura fria e doce. Desse vento que tempera meus cabelos, perturba minhas têmporas e cala uma pronúncia. Das canções todas, dos acordes todos, dos livros, castigos, silêncios todos. Desse todo de mim que ninguém percebe. Desse todo de mim que ninguém entende. E muda o assunto depois.

             [solitos]


[Meu assunto predileto era você
Os motivos só agora eu posso ver
É incrível como a gente ás vezes passa pelo amor
Sem saber que está adiante do que sempre procurou.]
  Roberto Carlos