segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Anacoluto

O que eu digo destes olhos mornos que de tanto perguntar ficaram secos. Destas mãos calejadas. Desses lábios presunçosos, imaculados, calados. O que eu digo desse hálito quente,dessa respiração contínua e iluminante. Dessa vida fria que passa graciosa. O que eu digo dessas sombras que me envolvem,desses medos que me cercam e encabulam. O que eu digo dessas noites, desses sonhos, dessas músicas, dessas redes sociais.
Desse ódio veemente em minhas veias, corrompendo o sangue numa amargura fria e doce. Desse vento que tempera meus cabelos, perturba minhas têmporas e cala uma pronúncia. Das canções todas, dos acordes todos, dos livros, castigos, silêncios todos. Desse todo de mim que ninguém percebe. Desse todo de mim que ninguém entende. E muda o assunto depois.

             [solitos]


[Meu assunto predileto era você
Os motivos só agora eu posso ver
É incrível como a gente ás vezes passa pelo amor
Sem saber que está adiante do que sempre procurou.]
  Roberto Carlos

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