quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Agoniza virgem Fênix..o amor! *

 A saia rodada contra o vento se erguia ,seus cabelos ondulados voavam,trotavam,sempre em ritmo,pairando em ares de fortuna! vivia intensamente cada gesto,cada dança,cada sofrer de amor,morrer de dor e ser feliz...não tinha juízo,abrigo,patrocínio nem rancores.vivia tudo,devorava prosas, se pendurava na janela,corria descalça na chuva,molhava os torpes dedos em saliva,pra sujar no tempo...gargalhadas ria,solidões chorava,amizades falecia e tranças desmanchava...tudo a vão do tempo,tudo ao vão do incerto.
Ela ia,sozinha,sincera,muda e valente,bailando ,cantando, rimando sua vida,num tom semitom desmanchado entre liras,maltratadas e surradas de aflição,que nem por ela nem por outras entrava na regra,rimava na corda,virava canção.contava as estrelas todas,os satélites e cometas que desaparecem da luz....descobria todas as leis de memória,saudade ali não havia, nada morria, nada sobrava, nada derretia. Até que um dia esqueceu sua dança,enrolou-se na trança e caiu. Sentiu, chorou... manchou-se de sangue completa...ardeu-se em chamas, trocou os trejeitos... não mais como era, não mais...oh triste destino.Oh maldito amante que roubou sua calma.
O peito agora pulsante bailava no vácuo obscuro cabível em mãos, que detinham dedos torpes como o dela,pra molhar em saliva e sujar no tempo...completavam-se os dois..mas não eram dois. Agora um talvez...ou nenhum...ao passo que ambos se detinham,se consumiam,se esmagavam em tremendo amor. Pairava ali a insegurança. e se amanhã um daqueles se entediasse? Resolvesse partir? O outro com certeza sofreria.Ou não... talvez fosse isso o que desejassem. Cada um agora por si. Cada um agora por nenhum dos dois. Por um motivo de sombra. Por uma nova alfombra ,a qual pudessem se deitar.. e recomeçar ali tudo de novo. Até que perdure o amor. Até que renasça a paciência de aguentarem um ao outro pela eternidade.
Deu-se , então, que raiou o dia, que abriu as cortinas e sentiu a luz...tentou lembrar o que sonhara,mas era tarde. não haviam lembranças,esperanças,ou versos. versos estes que compôs pra ninguém ler...

[solitos]

*entre cinzas arco-íris esplendor! Por viver ás juras de satisfazer o ego imortal...
     [Jorge Vercillo]

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