e a guria escutava atenta de mais.
prometia a ela presente futuro
que com a alegria a pequena jamais
esqueceu o ditado do acorde roubado
que o velho fazia sem pressa ou pudor.
sorriso de orgulho,inveja de anjo,
que após alguns anos virava-se dor.
Fruto oleoso,salgado e pernas
prendidas aos braços que outrora jamais.
Avô meio sóbrio e metade não lúcido
ora brincava ora pedia paz.
mas a pequena criança inocente
sorria contente sem seta em cessar.
parece que tinha a certeza concreta
que aquelas pernas iriam falhar...
Cresceu afobada no som magnífico
que anos depois se calou para sempre.
mas sempre lembrava do velho Avô
tocando instrumento e alegrando a gente.
Perdeu a vontade de ter a promessa
mas não a vontade de ver o velhinho.
falava e ria crescendo em instante
mas nunca deixava seu mestre sozinho.
Os anos passaram e ambos os peitos
cresceram fortes e perderam o brilho:
o dela lembrando o som da viola
e o dele querendo canjica de milho.
Por sorte a menina ganhou mesmo gosto
mas era já tarde pra compartilhar..
o velho perdeu de repente o sopro
guardando a viola pra não mais tocar.
A menina sou eu e o velho Geraldo,
citado nas rimas, era meu velho Avô
que habita hoje o céu dos acordes roubados
que apreciava sem tédio ou rancor.
Saudade aperta com força o meu peito
quando pego instrumento e o som vai saindo...
não é viola do nobre maestro,
mas um negro Zeppelin, pra rock em domingo.
[solitos]
Camila Alves
Á memória de Geraldo Silvino
[Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte,mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez.]
Willian Shakespeare.
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